quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Conheço um médico

que se intitula Mr. Nobody. Contou-me em surdina que acabou o curso em 73 e frisou a data precisando que foi antes das convulsões e de benesses temporárias à posteriori. Moço novo que colheu a unanimidade no excelente que mereceu. Especializou. Já tirou outro curso numa área distinta e adora ser conhecedor. Diz palavrões nas consultas. Diz que é assim porque quer: bruto, desbocado e sem paciências para mesquinhices. Quem não gosta vá a outro lado. Não é do privado porque se fartou (soube mais tarde à boca pequena). Quando me viu pela primeira vez, riu-se e disse que o que os outros não querem mandam para ele. A mim apeteceu-me dizer que tinha sido empurrada por muitos até ali. E não sabia se seria o meu 'last chance saloon'. Calei-me porque entendi que só podia ser sucinta e resumida. Não gosta de floreados. Outra vez disse-me que gostava de tratar pessoas saudáveis. Achei fora de série. Também me disse que não queria uma avença comigo, pois sabe que se me começar a operar terá de o fazer várias vezes. Deixou-me marcar a próxima consulta, com todas as dificuldades que um serviço público oferece.

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